segunda-feira, abril 26, 2004

O Centro, a Direita e a Liberdade

O historiador Rui Ramos e o politólogo Vasco Rato foram os convidados especiais da conferência "Democracia e Liberdade", organizada na quinta-feira passada, pelo Instituto Amaro da Costa e pelo CDS, no âmbito das comemorações dos 30 anos do partido. Os restantes membros da mesa, que intervieram também com brilho, eram todos dirigentes, antigos dirigentes ou militantes do partido, falando da nossa própria experiência e visão partidárias: Paulo Lowndes Marques foi o moderador, Alfredo Azevedo Soares falou sobre o poder da libertação, enquanto Luís Nobre Guedes encerrou os trabalhos.
Tanto Rui Ramos como Vasco Rato defenderam que a democracia e a liberdade em Portugal só foram verdadeiramente conquistadas pela direita, depois do Período Revolucionário em Curso (PREC) que se seguiu ao golpe militar de 25 de Abril. Mais: se não fosse a revolta do povo de direita - que se uniu em volta do CDS, do PPD, mas também do PS - o PCP teria implantado na altura uma ditadura comunista. O historiador Rui Ramos aconselhou a leitura de Álvaro Cunhal, para quem tenha dúvidas sobre o assunto.
Disse ainda que, ao contrário do que alguns revisionistas querem agora dar a entender, muitos dos opositores a Salazar não eram de esquerda. Humberto Delgado, Henrique Galvão ou Botelho Moniz eram anglófilos, homens que se reviam na democracia parlamentar britânica - nunca na secção portuguesa da Internacional Comunista que sempre foi o PCP.
Rui Ramos acrescentou que a direita não deve ter complexos em relação ao seu passado, bem pelo contrário, lembrando que a Junta de Salvação Nacional tinha também, entre os seus membros, várias altas individualidades que manifestamente não eram de esquerda, citando os nomes de Spínola, Galvão de Melo e Pinheiro de Azevedo. Poderíamos acrescentar também o de Sanches Osório, Carlos Azeredo, Almeida Bruno, Pires Veloso ou muitos outros. E disse que a esquerda e a extrema-esquerda tentaram e continuam a tentar apropriar-se da revolução.
Rui Ramos defendeu ainda que a direita tem de manter-se atenta e não deixar a esquerda dominar a agenda política, preparando-se devidamente para contrariar e combater as tentativas de manipulação em que esta é perita, dando o exemplo do que se passou em Espanha no pós-11 de Março. Com a sala completamente cheia, foram muitos os aplausos à sua intervenção.
José Ribeiro e Castro, que não pôde estar presente por se encontrar no debate de Cuba no Parlamento Europeu, enviou uma mensagem, também muito aplaudida.
Na mesma sessão, o presidente do IDL - Instituto Amaro da Costa, Manuel Pinto Machado, fez o lançamento de um livro que recolhe a linha governativa do patrono do instituto (incluindo projectos de diploma), enquanto ministro da Defesa Nacional em 1980. Amaro da Costa foi o primeiro civil ministro da Defesa, em democracia, e o Conselho da Revolução... ainda reinava.
Esta sessão destinou-se a assinalar os 30 anos do 25 Abril, no quadro das celebrações do CDS-PP. A comunicação social, amplamente dominada pela EQT (a Esquerda-Que-Temos), o que se tornou particularmente notório nestes dias, ou não esteve presente, ou a que esteve não reportou nada. Pluralismo, imparcialidade e isenção...

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