sábado, abril 24, 2004

Cuba no Parlamento Europeu

Liberdade - 2 | Esquerda magoo - 0

Quinta-feira à tarde, em Estrasburgo, foi a vez de debater e votar, no quadro das "urgências", as propostas de Resolução sobre a intensificação, há um ano atrás, das perseguições aos democratas cubanos pela ditadura castrista. [v. Perseguições em Cuba discutidas em Estrasburgo]
A Esquerda magoo levou mais uma vez para contar. Foi aprovada, com ampla maioria, incluindo alguns socialistas e Verdes, a proposta de Resolução Comum, que tinha sido subscrita nomeadamente pelos deputados do CDS-PP e de que se haviam logo demarcado os grupos comunista, socialista e dos Verdes.
O debate teve momentos que seriam absolutamente hilariantes, se não estivéssemos diante de uma tragédia. Nomeadamente, quando, depois de outros Magoos (a "verde" flamenga Soerensen, a comunista espanhola Bergaz Conesa e o socialista espanhol Martínez Martínez), chegou a vez de o deputado comunista grego Alyssandrakis se assumir como o "dinossauro do ano" ao cometer a proeza de, entre outras originalidades, proclamar, sem se desmanchar, que «Cuba é o único país livre das Américas»!
A frase provocou algumas breves gargalhadas no hemiciclo de Estrasburgo, havendo logo quem comentasse que «ao menos aqui não precisamos de um Museu de Figuras de Cera; temos Estaline ao vivo».

As posições do grupo UEN, proponente da Resolução aprovada, foram defendidas pelo deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro, que, na sua intervenção, além de defender o Prémio Nobel da Paz para Raúl Rivero Castañeda (preso), Oswaldo Payá Sardiñas ou outros democratas cubanos, disse nomeadamente:

Gostava de evocar duas datas para tornarmos claro o que está em causa: no próximo dia 1 de Maio vão entrar neste Parlamento, no nosso convívio, na nossa casa comum da democracia, dez novos Estados-­Membros. Oito desses dez Estados-­Membros, há pouco mais de dez anos atrás, estavam debaixo de tiranias e ditaduras comunistas. E depois da queda do Muro foi possível fazerem uma evolução democrática, partilharem da mesma base de democracia e de liberdade, de regras de Estado de direito, e acederem ao nosso convívio comum. É isso exactamente que nós gostaríamos que acontecesse com Cuba.

No próximo domingo, 25 de Abril, comemoram­-se no meu país, Portugal, trinta anos do "25 de Abril", uma revolução democrática que cedo foi aprisionada pela extrema esquerda e pelos comunistas que queriam fazer, como então se dizia, de Portugal "a Cuba da Europa". Houve muitas lutas em Portugal, em 1974 e 1975, para que nós pudéssemos afirmar­-nos como país livre e democrático e não sermos a "Cuba da Europa". Ora, o que nós queremos agora é que Cuba possa ser o "Portugal das Caraíbas", que os cravos que alegraram o país possam brilhar também em Cuba, que nós possamos partilhar da alegria, da cor e do calor da cultura cubana, cultura que muito apreciamos, muito estimamos e queremos ver sorrir e crescer em liberdade. É isso que está em causa.


Depois, foi a votação e... dois a zero!

[v. Textos aprovados a 22 de Abril]