sábado, abril 24, 2004

Cuba no Parlamento Europeu

Liberdade - 1 | Esquerda magoo - 0

Há uma esquerda muito "pitosga", que faz lembrar o célebre cegueta dos desenhos animados, Mr. Magoo. Com uma única diferença: não tem a mesma simpatia. No Parlamento Europeu, esta Esquerda magoo concentra-se no grupo comunista (GUE/NLG) e irradia pelos socialistas (PSE) e verdes (Verts/ALE). Nesta semana que termina, ensaiou o esquecimento da ditadura cubana. Saíu-se mal.
Quinta-feira de manhã, em Estrasburgo, foi votado o relatório da sra. Véronique De Keyser (socialista belga), onde, dos três Prémios Sakharov que continuam a ser objecto de perseguições nos respectivos países (Turquia, Birmânia/Myanmar e Cuba), era deliberadamente omitido o caso de Oswaldo Payá em Cuba. Dizia assim o § 23:

[O Parlamento Europeu] Decide reforçar os contactos com os antigos laureados do Prémio Sakharov, de modo a que este assuma um carácter protector e contribua para o respeito dos direitos humanos nos países em causa; insiste, em particular, na prossecução e no reforço do apoio aos antigos laureados do prémio Sakharov que continuam a ser vítimas de repressão nos seus países, nomeadamente, Leyla Zana e Aung San Suu Kyi;

Atentos, os deputados do CDS-PP, Luís Queiró e José Ribeiro e Castro, apresentaram, pelo grupo UEN, uma proposta de emenda, que seria aprovada pelo plenário, levando a que o texto final ficasse da seguinte forma:

[O Parlamento Europeu] Decide reforçar os contactos com os antigos laureados do Prémio Sakharov, de modo a que este assuma um carácter protector e contribua para o respeito dos direitos humanos nos países em causa; insiste, em particular, na prossecução e no reforço do apoio aos antigos laureados do prémio Sakharov que continuam a ser vítimas de repressão nos seus países, nomeadamente, Leyla Zana, Aung San Suu Kyi e Oswaldo Payá Sardiñas; em relação a este último, recorda o apoio dado à “Iniciativa Sakharov” desenvolvida no Parlamento Europeu e apela às autoridades cubanas para que não levantem mais obstáculos a que Oswaldo Payá Sardiñas possa deslocar-se à União Europeia e reunir-se com as suas instituições;

Por outras razões, o relatório era globalmente muito mau [ v. intervenção] e o CDS-PP votaria contra na generalidade [v. explicação de voto]. Mas, ao menos, a omissão quanto a Cuba ficou corrigida. Um a zero!