sexta-feira, maio 07, 2004

Helicópteros: PIP only

PIP passa a ser a sigla VIP para jornalistas: Press Important Person. Segundo os mesmos, serão os únicos admitidos em helicópteros oficiais.
O presidente do Governo Regional dos Açores resolveu fazer barulho por o ministro da Defesa Nacional, no helicóptero militar em que se deslocara, ter "dado boleia", entre o Corvo e a Terceira, a "militantes do PP", acusando-o de transformar o dito helicóptero num "táxi do PP".
O gabinete do ministro da Defesa esclareceu prontamente que este não teve qualquer problema em transportar no helicóptero da Força Aérea, em que se deslocara, João Greves e Inácio Pimentel, como autoridades institucionais, pois são presidentes da câmara e da assembleia municipal do Corvo, bem como Alvarino Pinheiro, por ter sido o deputado regional que intercedeu por diversos assuntos legislativos do interesse da ilha.
E acrescentou que, no mesmo helicóptero, viajaram também jornalistas que cobriram a inauguração do memorial a ex-combatentes. Recorde-se que o ministro Paulo Portas esteve, há dias, na ilha do Corvo [ v. Homenagem aos combatentes ] em cumprimento de funções oficiais, a convite do presidente da câmara, e participou em cerimónias de total abrangência política, para a qual foram convidados deputados regionais do PS e do PSD, eleitos pelo Corvo, tal como os vereadores de todos os partidos.
Mas, apesar do esclarecimento, jornais houve que deram sequência e destaque ao ataque desabrido de Carlos César.

No PÚBLICO: O ataque | O esclarecimento

Três conclusões:

1. Para alguns jornalistas, só jornalistas é que são admitidos, sem crítica, em helicópteros oficiais. Autoridades regionais e locais, nunca. PIP only.

2. Para Carlos César e estes jornalistas, as autoridades regionais e locais, quando sejam militantes do CDS-PP, têm que deslocar-se, em ocasiões semelhantes, por estrada e em viatura própria, do Corvo para a Terceira ou vice-versa. A opinião pública aguarda, assim, com acrescido interesse os planos de Carlos César e do seu governo quanto à próxima construção da nova auto-estrada que quebrará o isolamento do Corvo, ligando esta ilha ao grupo central do arquipélago.

3. O motivo real da fúria de Carlos César: andou, desde há meses, sinuosamente, a ver se lançava uma campanha contra o governo da República, porque, alegadamente, não fiscalizaria suficientemente a actividade pesqueira nos mares dos Açores. Depois, tornou-se claro que este governo, sob impulso de Paulo Portas e com o apoio de Sevinate Pinto, incrementara significativamente os meios e o orçamento para a fiscalização nos mares dos Açores. E mais: tornou-se também claro que, anteriormente, tinha sido a gestão dos "camaradas socialistas" do governo de Guterres que havia levado os meios operacionais da Marinha e da Força Aérea a um estado calamitos de quase absoluta indigência e grande incapacidade. Problema que foi sendo resolvido e superado, com o governo PSD/CDS-PP. Daí, tanta fúria... Entende-se a fúria. Mas não tem razão.