quarta-feira, março 31, 2004

O fungagá da bicharada

As trapalhadas de Saramago não terminam, enquanto escritor-e-candidato do PCP em campanha pelo voto em branco.
Depois de lançada aquela excelentíssima tese do uivo (ver Uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuhhh!...) e do enorme sarilho em conseguir explicar-se (ver O voto morango e baunilha, episódio hoje relatado, em maior pormenor, pelo PÚBLICO [ 1 | 2 | 3 ] ), Saramago foi ao Porto dizer que tudo lhe parece "a história do velho, do rapaz e do burro" e que, quanto a isso, já tem "pele de elefante". [ O Primeiro de Janeiro ]
Com tanto animal assim convocado directamente para a política, deduzimos que Saramago vai dedicar-se a um novo género literário - as fábulas - e ficamos com curiosidade para ver até que ponto a campanha eleitoral do PCP se vai transformar num zoológico em miniatura, ora feito de uivos, ora de zurradelas, ora ainda de barridos e bramidos. Com tais entradas e pré-avisos, o coro de lobos ou rafeiros, burros e elefantes vai ser muito interessante de seguir. Talvez por isso mesmo, o reitor da Universidade de Lisboa e militante do PCP, José Barata Moura - ele que, há vinte anos atrás, deliciou a criançada com o seu "Fungagá da Bicharada" -, participou já num dos debates recentes sobre temática tão palpitante.
O que já se entende fácil intuitivamente é a "pele de elefante" que Saramago identifica em si mesmo. A sua entrada em campanha teve, para já, a poderosa eficácia de um elefante em loja de loiça.