Nova Iorque: 11 Setembro 2001; Bali: 12 Outubro 2002; Madrid: 11 Março 2004
O blog do Caldas ainda não consegue acreditar.
O blog do Caldas junta as informações da TSF e do PÚBLICO online para ler, reler, procurar digerir e... não esquecer.
Numa conferência sobre direitos humanos em Lisboa, realizada na Fundação Mário Soares na passada quinta-feira (18 de Março), o ex-Presidente da República e eurodeputado socialista defendeu o diálogo com a organização Al-Qaeda, em alternativa ao uso da força, para perceber os objectivos da rede liderada por Osama bin Laden e "combater" o terrorismo. Mário Soares terá mesmo comparado o terrorismo de bin Laden com os movimentos que lutaram pela independência dos antigos territórios ultramarinos de Portugal - «Como conseguimos a paz nas ex-colónias? Tivemos que falar com os que faziam a guerra, na altura também considerados terroristas.» E justificou a "trégua" com a ETA negociada pela Esquerda Republicana da Catalunha, que deu escândalo no princípio do ano, embaraçando os próprios socialistas do PSC e do PSOE.
Considerando a Al-Qaeda como «uma galáxia, com várias constelações e planetas, à qual se atribui a liderança de bin Laden», Mário Soares questionou-se quanto aos seus motivos e defendeu o diálogo com representantes daquela organização como forma de "combater" o terrorismo. E terá prosseguido: «Há uma galáxia que não conhecemos bem e a única maneira é tentar percebê-la. Perceber o outro é fundamental», reconhecendo a necessidade do uso da força contra o terrorismo, mas considerando que «não é suficiente» e condenando «a diabolização dos adversários».
Menos sorte teve Israel, que foi "diabolizado" por Mário Soares como conduzindo um «terrorismo de Estado», ao mesmo tempo que criticava a política dos EUA e da UE no Médio Oriente: «A Europa e os Estados Unidos podem ter uma actuação distinta. O muro da Cisjordânia é um segundo muro da vergonha, uma regressão no direito na civilização, e as grandes potências têm de o condenar e não podem estar de cócoras perante um homem [o primeiro-ministro israelita Ariel Sharon] que se opõe ao terrorismo dos 'kamikazes' com um terrorismo de Estado, que é pior do que o primeiro.»
Interrogado por um assistente à conferência sobre se também defendia o diálogo com o ex-ditador alemão Adolf Hitler, na II Guerra Mundial, o ex-Presidente e ex-primeiro-ministro respondeu que, «se fosse necessário falar com Hitler para evitar um ano de guerra, valia a pena».
Ai, Chamberlain!...
Mário Soares cavalga as ilusões que nem Daladier teve!