quarta-feira, março 17, 2004

O essencial

"Os atentados de 11 de Março de 2004 revelaram - isso sim e com fragor - a vulnerabilidade das sociedades ocidentais à perversão terrorista. E revelaram-na qualquer que seja a perspectiva ou o preconceito de que se arranque. A questão da autoria é, sem dúvida, uma questão de justiça para com as vítimas, a sociedade e os criminosos. É outrossim uma chave para uma exacta identificação e delimitação da ameaça. Mas antes e depois dela está a questão da vulnerabilidade. É que se, em Março de 2004, a responsabilidade tiver sido - numa hipótese que cedo me pareceu improvável - da ETA, nada garante que, daí a um mês ou dois, não venha a ser de qualquer outro bando ou grupo armado. O que se pode então ter por demonstrado é que um país como a Espanha - com estritas exigências de segurança e com informações credíveis sobre a possível ocorrência de um atentado - foi, ainda assim, incapaz de o evitar. A possibilidade de proliferação de ataques terroristas de "destruição maciça", como foram os de Nova Iorque, Bali, Casablanca ou Madrid, põe de novo a questão da defesa - da defesa justa - da sociedade e dos valores ocidentais."

[Excerto de um artigo de Paulo C. Rangel, hoje, no Público]