"Por muito compreensível que seja o desejo que exprimem alguns pares de homossexuais - no sentido de, pela via da adopção, chegarem a ter em comum o filho que a natureza lhes nega -, tal possibilidade não lhes é reconhecida no Direito português, nem o deverá vir a ser. Essa hipótese envolveria, de facto, um retrocesso de séculos na penosa evolução sofrida pelo instituto da adopção, que hoje se encontra finalmente ao serviço do interesse do adoptado, e já não ao serviço dos interesses religiosos, políticos, patrimoniais ou afectivos dos adoptantes." Este é um excerto de um artigo de Rita Lobo Xavier, Professora da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, publicado na edicão de hoje do PÚBLICO e que, aí, pode ser lido na íntegra. A articulista conclui: "Registamos com espanto o surgimento de novos preconceitos, novos dogmas e novos anátemas naqueles que reivindicam o direito de adoptar para os homossexuais. São, em primeiro lugar, preconceitos contra a família (a que chamam agora "tradicional"). São, depois, afirmações sem base científica verificável e credível, como a de que "as sexualidades são culturalmente adquiridas". Por último, não deixa de ser surpreendente o anátema contra quem, a este propósito, utiliza os conceitos de "natural" ou de "normal", quando é certo que são exactamente esses os conceitos que figuram na Constituição e na lei."